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domingo, 31 de agosto de 2008

Um Treino, Uma Festa

Não sei quantos dias faltam para a Maratona do Porto. Já nem estou muito preocupada com isso, pois para mim, o tempo esgotou-se. Rendo-me. À minha realidade, às circunstâncias actuais da minha vida, à minha incapacidade para as contornar ou modificar, ou simplesmente por fim, assumo que, neste momento que se pode estender por mais de um ano, as implicações que a preparação de uma maratona exige não se coadunam minimamente com as circunstâncias da minha vida. Irei lá sim, à Maratona do Porto, mas participarei apenas na prova de 14 Km, fazendo parte da festa. Como principiante ou incapacitado. Como ser menor ou inferior, mas que ainda assim põe o pé na rua e não desiste.

Hoje, preocupo-me sim porque faltam apenas 14 dias para a Meia Maratona de S.João das Lampas. Isso sim, é uma preocupação real e uma meta ainda que difícil, atingível (digo eu…)

Durante os próximos 14 dias, chamar-se-á este caderno: “Como se prepara (mal) uma Meia Maratona em 14 dias”

O título inclui propositadamente a palavra “mal” porque preparar “bem” uma Meia Maratona em 14 dias é tarefa ilusória. Aliás, é um acto um tudo nada tresloucado, mas ainda assim possível e por isso vou lutar por ele.

Hoje, Um Treino, Uma Festa: 40 minutos, terreno ligeiramente desnivelado

O meu pai, a minha filha, a cachorra, o solo, o céu, o ar, e eu a correr e a pensar que S.João das Lampas não vai ser pêra doce.

Impreterivelmente… meus caros, até amanhã

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Mais um dia da nossa vida...








Se é para ver a minha filha feliz, e se me é possível, faço! Não me importo os quilómetros, o tempo gasto a conduzir, o gasóleo que o carro bebe aos galões, de forma bem mais gulosa do que eu bebo galões, nem a chuva ou o sol, ou as batatas cozidas comidas sem conduto na mesa escassamente metade farta.

E ontem foi mais um dia. Da minha vida. Da nossa vida, visto que de momento não concebo a de uma sem a outra, ou mais a minha sem a dela, mas adiante. Um dia em que me cansei, mas que não me cansei nada de ouvir repetido na voz da petiza que tinha sido um dos dias mais felizes e divertidos da vida dela. Pois, então o meu também, não só por lhe ter deixado um dia “desses” mas porque com ela, as coisas tornam-se de facto divertidas, estimulantes e sinto por vezes a euforia, a expectativa vivida em ansiedade, a alegria das (re)descobertas, a genuinidade das sensações, das emoções vividas pela primeira vez por ela, e redescobertas por mim, com ela ao lado.

Tudo estaria perfeito não fosse chegarmos a casa e termos encontrado o Gilocas morto na gaiola. Não fosse a miúda cair-me em cima com soluços mal contidos, num choro miúdo, mas sentido que lhe sentia a dor no seu pequeno peito a bater descontroladamente contra o meu.

Partidas que a vida nos prega. Agora temos é de cuidar da Flora, que ficou só, e que piou hoje o dia inteiro de uma forma como nunca a houvéramos ouvido piar. O seu parceiro, em quem se amparava para dormir, lado a lado, onde amparava muito mais que o corpo certamente, desapareceu. Ao seu lado no poleiro, não está ninguém agora. Dói o piar do animal. Só pára à noite, quando derreada pelo cansaço e pelo sono e certamente também pela dor, se deixa vencer e se cala.

O corpo do Gilocas está embrulhado num pano de algodão branco. Parece mais frágil, magro e indefeso agora morto. Parece um bebé dormindo. Um pequenito que se deixava pegar e passeava pousado no meu indicador. Vou ter saudades do Gilocas. Está numa gaveta frigorífica, como se esperasse autópsia e vai amanhã a enterrar, no campo, onde será visitado pelas borboletas e abelhas e libelinhas, onde nascerão flores, até se transformar ele em pó, e mais tarde também ele será flor, borboleta, ou pássaro para de novo poder voar. Livre dessa vez. Na Natureza, nada se perde, tudo se transforma.

Agora, temos de cuidar da Flora. Temos de cuidar da Flora, filha. – repito-lhe enquanto lhe limpo as lágrimas da cara.



A nossa Flora, hoje:

Não costumo ser “destas coisas”. Mas não foi só um pássaro. Não foi só um estúpido e insignificante pássaro amarelo. Foi o nosso Gilocas. Com a sinceridade de que dificilmente me consigo dissociar, a mim particularmente não me machucou por aí além. A vida é mesmo assim. Sem darmos conta, já nos está a tirar o que nos deu, ou o que conquistámos. A justiça não passa de uma utopia. Quer a dos homens quer a outra, a que dizem divina, mas que não passa afinal de meros acasos e conjunto de condições reunidas para provocarem a circunstância. Mas doeu-me a dor da minha filha e a dor da Flora, durante um dia inteiro chamando em vão pelo seu companheiro, para lhe pousar a cabeça no seu peito, para dividirem comida, conversarem, brincarem ou beijarem-se. Desta vez senti…

Descansa em paz Gilocas.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Regresso do Diário

Faltam 61 dias para a Maratona do Porto


Recostou-se na cadeira confortável, pegou o livro e tencionava ler. Umas palavras mais que conseguisse acompanhar e lhe permitissem entender a sequência da história. Uma leitura densa, de frases extensas, compostas por palavras que se enroscam no cérebro como jibóias, contorcendo-se e apertando até se tornar impossível a compreensão, o entendimento, e então sem dar conta, o pensamento dela dispersa-se, liberta-se, e dá por si noutro lugar e tema, onde o exercício mental é fácil e o físico também.

Como as palavras que se sucedem fluidas num livro, passo a passo, com facilidade os seus pés percorriam o trilho com uma leveza de que mal se recorda.

Há dias assim. E há livros assim. E histórias assim. E vidas assim. Tenebrosas e escorregadias como jibóias. É preciso querer. É preciso vontade, alma, de onde brota a dedicação, concentração e motivação que leva ao acto dedicado. Como na Corrida.

O “Homem Duplicado” repousa agora na mesa, como o treino de corrida que ainda não foi hoje que foi feito, ao lado da chávena de café vazia e da mente cheia de uma vida onde reina o caos, e que se alivia ligeiramente no papel com a ajuda de uma esferográfica.

Até amanhã

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Alguns dias de férias





E assim passaram uns dias de férias. Bem. Eles os dias, e nós.

Treinos: Inexistentes

Planeamento para a Maratona do Porto: desmoronado (o planeamento) e deveras e seriamente posta em causa a minha participação enquanto Maratonista

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Maratona do Porto 2008 - Transporte Lisboa - Porto

5ª edição MARATONA DO PORTO

Transporte ida e volta: LISBOA-PORTO

A par das últimas edições, vai a Runporto também este ano, na 5ª edição da Maratona do Porto, proporcionar transporte Lisboa – Porto – Lisboa, para Maratonistas, acompanhantes e participantes dos eventos associados ( Mini Maratona, prova não competitiva de 6 Km e Corrida da Família na distância de 14 Km).

Infelizmente, com muita pena da organização, a oferta do transporte gratuito para Maratonistas como se fez nas últimas edições, este ano não é viável e o encargo tornou-se completamente insuportável.

No entanto, não quis a Runporto deixar de minimizar os custos dos atletas do Centro e Sul do país, que se queiram deslocar à melhor Maratona que se realiza em Portugal, e a partir de Lisboa, terão transporte ida e volta pelo custo simbólico de Eur 10,00, quer para Maratonistas, quer para acompanhantes ou participantes em qualquer dos eventos acima mencionados.

A saída de Lisboa será Sábado dia 25 Outubro de manhã, e o regresso, domingo 26 de Outubro meio/fim da tarde. Mais detalhes a divulgar oportunamente, e contacto para mais informações e/ou inscrições para o transporte deverão ser tratadas com Ana Pereira, Tlm. 964 937 456 ou via e-mail: anamariasemfrionemcasa@gmail.com

Certos da vossa compreensão, estamos ao inteiro dispor para quaisquer questões que entendam necessárias, e contamos desde já com a vossa presença numa prova que vos dá a oportunidade de correr 42195 metros num dos cenários mais belos do país, e que certamente não irão esquecer.

Mais informações sobre a prova no site da Maratona do Porto e/ou na Runporto , entidade organizadora.


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A Maria:


"É Verão, está calor e os treinos têm sido dias de "Descanso"(*). Então porque sinto este frio e este cansaço? Talvez esteja a precisar de Sol e de férias...

Está tudo bem, está tudo bem, termino hoje a medicação para a infecção que tive no pé, pode ser que o estômago e restantes órgãos do aparelho digestivo me dêem tréguas. Agora parto por uns dias e estarei ausente, mas volto, prometo que volto dentro de dias para retomar o Diário, diariamente como ele e eu queremos e merecemos.

Até outro dia amigos"


Maria Sem Frio Nem Casa

(*) – a única corrida que fiz, foi ontem, 5ª feira, um sprint atrás de um assaltante romeno(?), com cerca de 12 anos, na tentativa de recuperar o meu telemóvel, o que se veio a verificar. Enfim, cenas banais e diárias de uma capital europeia moderna (?). Que bom que é viver em Lisboa e em Portugal, país de gente boa e costumes brandos, que abre os braços a todos que cá entram. Xenófoba eu? Nem pensar! Então porque digo isso? Porque o pequeno assaltante assim como os seus 4 acompanhantes pouco mais velhos, eram romenos ou ucranianos ou o raio que os parta. Eram! Não estou a inventar! Eram imigrantes que (com seus paizinhos ou outros familiares) vieram para Portugal para roubar! Certamente outros não. Certamente que outros vêm para trabalhar e ganhar a vida de forma honesta. Mas estes não! Vieram para roubar! E fizeram-no ontem, e fazem-no hoje e amanhã! É um facto. E contra factos não há argumentos! Podiam ser portugueses, chineses, espanhóis ou brasileiros (grande probabilidade de serem brasileiros, já que a sua percentagem em relação à população portuguesa é cada vez maior), mas não. Estes eram da Europa de Leste. Eram! E andam a roubar! Mas nós somos de brandos costumes e de mentalidade e fronteira aberta… coitadinhas das crianças que não têm culpa nenhuma. E viva a liberdade e as fronteiras abertas. Eles só vêm em busca de uma vida melhor não é? Pensando bem, até devia ter deixado o puto levar o telemóvel, e mais, até lhe devia ter dado a carteira quase vazia (que era como estava), coitadinho…

- nem acredito que escrevi isto. Eu que não gosto de generalizar e gosto tanto da frase: “há de tudo em todo o lado”, quer referindo-me a regiões, povos, nações, etc, etc., mas o que aconteceu, aconteceu! Se eram uns filhos da mãe imigrantes que culpa tenho eu? Vou omitir esse pormenor? Porquê? Alguma razão? Não encontro. Vou chamar-lhes queridos porque coitadinhos sofrem muito e são pobres e têm de se fazer à vida? E se o deveria fazer para parecer politicamente correcta, desculpem mas isso não é comigo. Experimentem passar pela experiência e depois escrevam qualquer coisa sobre isso. Ou contem aos amigos no café. Gostaria de vos ouvir.

Boas férias para vocês

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Raid Melides - Tróia 2008

2ª feira, 1º dia da 2ª Semana – faltam 76 dias para a Maratona do Porto

Hoje já me sinto melhor da infecção no pé. Apesar de ainda chegar ao fim do dia inchado e com uma composição de tonalidades nunca vista em mim, variando entre o vermelho e o roxo escuro, passando por cor-de-rosa e manchas brancas, o gajo (pé) não me dói e sinto apenas uma ligeira tumefacção ao andar e ao tocar.

Apesar as significativas melhoras, por precaução e cautela e também porque os medicamentos dão-me volta ao estômago e causam-me naúseas constantes de ligeiras a fortes, propositadamente hoje, o treino foi… dia de Descanso. Isto com tanto descanso… não sei onde irá parar, mas enfim, não desesperemos que os dramas na vida não são isto.




O Raid Melides - Tróia 2008, onde não estive:

Ao receber o correio no escritório hoje, vinha um pacote para mim. Um envelope almofadado, e no seu interior um outro também almofadado (objecto muito bem acondicionado), e… já sei! O meu amigo António Miranda não estava a brincar quando me escreveu “Apanhei em Melides uma grande concha que transportei por 40 kms para essa amiga, mas não sei a morada... Mande-ma…”

Pois este ano não consegui estar no Melides – Tróia, a fotografar e a admirar já quem parte, como o fiz em 2006 e 2007 com um prazer descomunal como só o coração é capaz de entender, e que muito gosto de recordar em http://www.pbase.com/mariasemfrionemcasa/ , mas pelos vistos estive lá sim! Não só porque muito pensei nalguns amigos que lá estavam a participar, mas porque alguns desses amigos me levaram com eles, por minutos ou segundos que fossem, lembraram-se de mim e corri com eles. Um bocadinho. Obrigada António Miranda.

A concha repousa agora “…na frescura da minha casa, … ao lado da tartaruga de madeira…” e de “preciosidades da vida contidas em forma de pedras” – pedras parideiras, trazidas do Memorial Sálvio Nora, Julho 2006.

É este o valor das pedras e das conchas… é este. Mais palavras para quê? Conseguem sentir? O cheiro a mar e o suor das mãos num objecto precioso liberto da força dos dedos ao alcançar a meta?

sábado, 9 de agosto de 2008

E porque isto é um Diário…

Sábado, 6º dia da 1ª Semana – faltam 78 dias para a Maratona do Porto

1ª Paragem Obrigatória – tendo em conta que saio da Margem Sul com destino ao Porto, considero: Pragal. O comboio parou no Pragal. Ainda estou na Margem Sul, nem sequer atravessei o Tejo, e mais de 300 Km me separam do cais de destino.

Uma meia (peúga) velha com elásticos sem força que a deixam deslizar para dentro da sapatilha. Uma caminhada longa. Uma bolha no calcanhar. Novas caminhadas e treino com pensos ineficientes. Uma bolha rebentada, pele arrancada e carne viva a enfrentar o mundo.

Se na 5ª feira decidi não correr por opção, já ontem quis correr, mas cheguei ao fim do dia com o pé num trambolho. Da mínima área de carne viva exposta, o inchaço e vermelhão com consequente dor e calor, só não se espalhou num raio de mais de 20 cm, porque a partir do ponto de pele rasgada, nem em todas as direcções há 20 cm de pele. Assim cheguei a 6ª feira ao fim do dia nas Urgências, onde de imediato me diagnosticaram uma infecção.

Vacina anti-tétano, Antibiótico, Anti-inlamatório e analgésico, desinfectante e anti bactericida e gelo e descanso com o pé elevado.

Hoje, sábado à noite, 24 horas de tratamento e ... não estou melhor. Só não sinto dor. Aliás, a zona está praticamente insensível ao toque, há apenas um latejar. Mantém-se vermelha e dura, desinchando apenas nos momentos de gelo. A febre (consequente da vacina ou da infecção) volta quando se aproxima a hora da próxima dose de medicação.

Bolas! Que chatice! Dois treininhos de nada, apesar do entusiasmo, e vejo-me assim obrigada a parar durante uns dias. Quantos? Bem… 12 semanas para a Maratona, 11 semanas… 10 semanas, não há-de fazer grande diferença no meu caso. Ou fará? Sim, porque a evolução (melhoras) desta coisa não me parecem evoluir a velocidade suficiente que me permita recomeçar a correr já nos primeiros dias da 2ª semana…

Enfim, há que ter paciência. Quando puder, assim que puder, recomeço (ou começo?). Não há-de fazer grande diferença, não há-de fazer grande diferença…

No entanto, outra questão de outra dimensão me inquieta. Porque reagiu assim o meu organismo? Porque se deixou assim invadir e contaminar desta maneira? Porque não reagiu como em situações passadas idênticas? Bem… mas isso também não interessa muito para agora, digo eu… Há que continuar a medicação e aguardar.


Treino de ontem, hoje e amanhã: obrigatoriamente de Descanso

Até depois

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Isto é um Diário…

4º dia da 1ª Semana – faltam 80 dias para a Maratona do Porto

Vislumbro um bando, uma legião de fãs e curiosos, aves várias, raras algumas, pássaros de plumas vistosas e coloridas ou de penugem suave, curta e discreta, belos todos, onde se misturam aves de rapina também, e até aves de hábitos necrófagos, como abutres e urubus, pacientes até que a presa sucumba e se torne num cadáver de que se possam alimentar.

Imagino-os frenéticos ou apenas curiosos em frente ao computador, as teclas carregadas, viciadas, os dedos saltitando sobre elas, em busca dela. Desejosos e ansiosos por saber se ela correu, se não correu, se desistiu ou se mantém o entusiasmo, se emagreceu ou se engordou. Como se isso e ela tivessem alguma importância.

Imagino… imagino como se a legião existisse e como se no meio do bando, existissem aves que de facto se importam. Com ela, ave ferida que tal Fénix, não desiste e renasce das cinzas para voltar a cantar e a voar outra vez. Sempre. Tantas as vezes quantas as que ela se transformar em cinza, tantas as vezes ela renascerá. Assim está escrito e assim será. Até à eternidade.




Hoje estou feliz. Tenho dinheiro hoje. Não que o dinheiro traga felicidade! Traz lá agora… Estou feliz porque ao ter dinheiro hoje pude ir ao supermercado e comprar broa de milho, requeijão, legumes e peixe fresco, iogurtes e fruta colorida e alegre para encher a minha fruteira, sem ter a negra preocupação de chegar à caixa e não ter dinheiro suficiente para pagar tudo o que coloquei no cesto já depois de exaustiva escolha do estritamente imprescindível e de cálculos mentais se mais um pacote de leite ou menos um pacote de leite, fariam essa diferença.

Hoje, enchi a minha fruteira de fruta colorida e alegre. Hoje estou feliz e alegre e colorida. Mais ainda que a fruta na minha fruteira.

Treino: hoje foi propositadamente dia de Descanso

Até amanhã

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

3º dia da 1ª Semana – faltam 81 dias para a Maratona do Porto

Hoje cheguei cansada a casa. Talvez o facto de, para poupar uns míseros 13 euros, e porque é Verão, o tempo é melhor e maior (a minha filha não tem aulas nem outras actividades), só trabalho 10 dias este mês e sou da opinião que é coisa que só me faz bem e mal nenhum, (só tenho de sair de casa ligeiramente mais cedo e chegar ligeiramente mais tarde), resolvi nestes dias do mês de Agosto, fazer parte do percurso de casa para o trabalho e o regresso, a pé, caminhando, em vez de usar o autocarro ou o carro. Assim, 30 minutos certinhos a andar bem (mas a andar mesmo bem, num ritmo acelerado), e bem calçada, demoro eu de casa ao barco e outros tantos do barco a casa. A distância não deve faltar muito para os 4 Km, que se desdobra: de manhã e ao fim da tarde. A caminhar desde o dia 1 de Agosto. A travessia do rio continuo a fazer de barco já que não se me meteu na cabeça que o poderia fazer a nado e poupar mais 13 euros. Fosse o Tejo o Douro (imensamente mais estreito) e não sei mesmo se não teria optado também pela natação.

Este novo comportamento tem particularidades engraçadas. Mudando a rotina, obriga-me a usar roupa ainda mais prática do que aquela que habitualmente uso, e outra coisa engraçada é que é ao chegar ao escritório, a primeira coisa a fazer, passou a ser… lavar os pés, limpá-los e massajá-los rapidamente com creme hidratante e substituir os fedorentos ténis por umas frescas e práticas (sempre!) sandálias. Até à hora do regresso. E só não tomo banho porque… não há condições.

Pois hoje, fosse pelo calor, ou por outra coisa qualquer, cheguei a casa cansada. Moída, amassada e morta como rato na boca de gato que brinca com o corpo deste, inerte, horas a fio antes de o devorar.

Confesso que a vontade de me atirar para cima da cama superava e bem a de ir correr, mas ainda assim, equipei-me e fui. Porque quero fazer esta Maratona! E claro, como sempre, quando se contraria a inércia e/ou preguiça, nunca nos arrependemos de termos decidido ir treinar. Sempre. Em mais de 30 anos de corrida, esta é máxima que nunca me falhou. Basta vencer a inicial falta de vontade, e eis que no fim regozijo-me sempre: ainda bem que fui treinar!

Pois durante o treino não me senti nem melhor nem pior que ontem. Algumas dores nos gémeos (normal), e para além da terrível constatação já confirmada ontem do meu estado físico em geral e consequente dificuldade em correr, outra quase tão terrível suspeita de ontem se confirmou hoje: preciso comprar ténis novos! Os que tenho, quer pelo uso quer pelo peso extra que entretanto ganhei, já não me oferecem o amortecimento que preciso agora mais do que nunca. A carga vai aumentar, e por ora o peso ainda é demasiado. Há que prevenir lesões. A carga vai ser aumentada aos poucos, e um bom amortecimento é essencial particularmente nesta fase para as minhas características individuais neste momento.

Corri apenas 41 minutos. Poderia ter corrido um pouquito mais, mas não estava especialmente interessada. Venho do zero, as provas de 15 em 15 dias ou mais espaçadas no tempo, em que tenho participado nos últimos meses, são o mesmo que não fazer nada, em termos de treino e de preparação física. São o mesmo que fazer rigorosamente nada! Hoje fiz 41 Minutos de corrida lenta e contínua como só poderia ter sido. Foi bom. Amanhã outro dia. Mantém-se portanto a direcção certa.

Até amanhã
ah! E hoje não há fotos. Quem tiver preguiça de ler, azar, nem vê os bonecos, porque hoje, não há bonecos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Arco-Irís sobre capa de caderno

2º dia da 1ª Semana – faltam 82 dias para a Maratona do Porto

A capa negra do caderno pincela-se de cores. Pálidas e um pouco esbatidas, mal definidas ainda, mas não há dúvida que são cores. Um arco-íris de cores suaves brota de mim e irrompe timidamente sobre a capa negra do caderno, de folhas brancas já maculadas de sangue que num fio delicado vai formando palavras que contam já o início desta história. A minha Maratona do Porto 2008.

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Quem me visse assim, (não deitada nas dunas roendo maçãs), mas assim, correndo muito lentamente, vermelha como um tomate, com dificuldade em levantar os pés e as pernas, e até em respirar, suando por todos os poros, carregando penosamente 67 Kg mal distribuídos por uma altura de 1,65 m, e desligar o cronómetro com apenas 30 minutos de corrida contínua, jamais iria imaginar que eu estava a dar início à Maratona do Porto. Essa, essa mesmo, que só se vai realizar dia 26 de Outubro de 2008. O tiro foi dado e eu parti. Já muita gente disse parafraseando alguém que todas as grandes viagens ou caminhadas se iniciam com um passo. Um único e singelo passo. O primeiro. E a partida de uma maratona é dada muito tempo antes do tiro oficial da Partida. Muitas semanas antes. No meu caso, 82 dias antes. Parti. Dei o primeiro passo. Agora é continuar para chegar à meta.

.../...

Nota: agradeço sinceramente (e quando eu digo sinceramente, quero dizer sinceramente, quero dizer que as senti, apreciei e absorvi a tal ponto que ganharam o poder de me ajudar a definir o caminho, a pintar um arco-íris na capa do meu caderno) as palavras deixadas em forma de comentário na mensagem anterior, de Fernando Sousa, Fernando Andrade, Luís Mota, MPaiva e José que também corre, e que seria uma grande alegria, mas uma grande alegria mesmo, encontrá-los (aos que vão lá estar também para vencer ou apenas para ver) quando eu pisar o tapete da meta e desligar por fim o meu cronómetro depois de 42195 metros muito corridos e muito amados.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

3 Alternativas

Dizem que me lêem. Que gostam de me ler. Para eu continuar a escrever. Algumas pessoas, entenda-se! Duas, três, ou talvez quatro. Mas ainda que não sejam mais que duas ou três, elas existem. Porque me lêem? Pelas mais diversas razões, tantas ou mais quantas aquelas porque eu escrevo. Dizem que devo continuar a escrever. Também pelas mesmas variadas razões. E por essas e outras, continuo a escrever, e até sonho voltar a correr. A correr uma Maratona. A do Porto.

Alternativa I para a mensagem de hoje:


Faltam exactamente 83 dias para a Maratona do Porto. 12 semanas. O tempo indicado de preparação para uma maratona, para quem já tem algum treino ou pelo menos o hábito da corrida.

Presentemente não me englobo neste quadro e muito sensatamente sei que precisaria de mais tempo. Precisaria ter começado mais cedo. Mas esse tempo já não tenho. Tenho apenas 12 semanas. Esse é o tempo que tenho. Esse é o tempo que vou aproveitar e esse é o tempo que vou usar para me preparar para a Maratona. Sem ambição maior do que acabar num tempo que não ultrapasse muito as 4 horas.
Conseguirei? Não sei. Sei perfeitamente porque desisti no ano passado ao Km 30. Não quero que isso se repita. Evitando os mesmos erros poderei evitar a repetição da desistência com facilidade. Alinhando à partida, quero chegar à meta. Desde que alinhe à partida…

Este é o Diário de uma mulher que se propõe fazer a sua 5ª maratona antes dos 40 anos. Diário de 12 semanas que se inicia hoje e se estenderá até 26 de Outubro de 2008.

Recordo:

1ª Maratona: 4h04m – 2001 – Paris

2ª Maratona: 3h39m – 2004 – Lisboa

3ª Maratona: 4h02m – 2005 – Porto

4ª Maratona: 4h04m – 2006 – Porto

5ª Maratona : este epaço será preenchido a 26 de Outubro de 2008, directamente do - Porto.



1º dia da Sem 1: Descanso (que o fim de semana foi muita cansativo, e o dia de hoje não ficou atrás, ufa). Restam-me 82 dias.



Alternativa II para a mensagem de hoje.

Faltam exactamente 83 dias para a Maratona do Porto. 12 semanas. O tempo indicado de preparação para uma maratona, para quem já tem algum treino ou pelo menos o hábito da corrida.

Presentemente não me englobo neste quadro e muito sensatamente sei que precisaria de mais tempo. Precisaria ter começado mais cedo. Mas esse tempo já não tenho. Tenho apenas 12 semanas. Esse é o tempo que tenho.

Por muito que me custe, às vezes é importante saber dizer “não”, até para mim própria, ou principalmente para mim própria. Saber parar, quando é necessário, quando o corpo e a mente assim reclamam. Assumir que nas condições actuais (em vastas áreas) não sou física e mentalmente capaz de manter um ritmo (de vida) durante 12 semanas que me proporcionaria fazer uma maratona com o mínimo de desconforto e sofrimento. É preciso ser racional, aceitar as minhas fraquezas e fragilidades, e assumir de uma vez por todas que as condições e circunstâncias que a vida me proporciona no presente não são de todo propícias ao embarque nesta Maratona , e dizer assumidamente sem vergonha ou fraqueza: não, tenho muita pena mas neste momento não sou capaz de me preparar para fazer uma maratona em Outubro.




Alternativa III

Sonho. Correr no dia 26 de Outubro de 2008, 4horas seguidinhas, nas calmas, confortável, depois de ter treinado o suficiente no tempo que falta até lá, ou até um bocadinho mais para ir confiante, ao lado do Douro e por fim, não desiludir a minha filha desta vez e deixá-la acompanhar-me nos últimos metros da Maratona até cortarmos a meta juntas. Eu sei que apesar da rabugice, ela sente orgulho (também) nestas façanhas da mãe, e no ano passado desiludi-a sim. Apetece-me ter força para dizer: Eu vou! E quero é ter força para levar este barco a bom Porto, sem descurar outros barcos (bem mais importantes) que remo sozinha, sem motor, comandante ou bússula, apenas estrelas no céu e na terra para me guiarem, nem os quero deixar para trás perdidos no mar tempestusoso onde acabarão em náufragos encalhados em ilhas desertas.


. EU VOU

Como dos 3 textos não sabia qual deixar, resolvi deixar as 3 alternativas. Cada leitor escolha a sua e dê continuidade à história se for capaz. Eu até agradeço.